Da esquerda para a direita Altemir Haussamnn, Pierluigi Collina (Presidente do Comitê de Árbitros da FIFA), Roberto Braatz e Carlos Simon - em evento na Copa da África do Sul/2010 - Crédito: MHDB
Após as manifestações deste
colunista relatando a quizumba em que foi transformada a arbitragem brasileira nesta temporada,
no principal torneio da CBF - o Brasileirão - e os comentários do conceituado
professor Rafael Porcari no seu Blog - https://pergunteaoarbitro.wordpress.com/ de que, 2017 foi terrível à arbitragem da Seleção Nacional de
Árbitros de Futebol (Senaf) – nesta sexta (1/12) - quem se posiciona a respeito
da hecatombe que solapou a confraria do apito do futebol pentacampeão mundial,
foi o mais completo árbitro do futebol brasileiro de todos os tempos, Carlos
Eugênio Simon (foto). Leia o que diz Simon sobre a debacle dos homens do apito
e da CA/CBF.
O Campeonato Brasileiro de 2017
terminou antes do fim. Na 35ª rodada, quando o Corinthians conquistou o título
de campeão, fazendo com que a competição perdesse o interesse para um grande
número de torcedores nas últimas três rodadas. Isto só foi possível por causa
do sistema de pontos corridos.
Na minha opinião, está não é a
melhor maneira de disputar a maior competição do futebol nacional. Entre as
muitas distorções provocadas por esta fórmula, recordo a última rodada do
Brasileirão de 2009, quando o Grêmio não fez nenhum esforço para ganhar do
Flamengo, mesmo abrindo o marcador no Maracanã, para evitar que o arquirrival
Internacional conquistasse o título daquele ano. O campeão foi o rubro-negro
carioca. No campeonato atual, no domingo o Corinthians estará em Recife para
enfrentar o Sport.
Considerando que já fez a festa e recebeu a taça, é possível e
compreensível que a equipe paulista escale reservas para jogar na Ilha do
Retiro. Assim, involuntariamente poderá beneficiar o Sport que luta contra o
rebaixamento, prejudicando as demais equipes que também estão lutando para não
cair para a série B.
Creio que a fórmula que inclui o mata-mata é mais justa e traz
mais emoção ao campeonato, além de manter aceso até o final o interesse do
público torcedor, mesmo aquela parcela não envolvida diretamente nos jogos
decisivos. Registre-se que desde que o sistema de pontos corridos foi
implantado, em 2003, os campeões dividiram-se entre os estados de São Paulo
(9), Rio de Janeiro (3) e Minas Gerais (3).
Por outro lado,
na Copa do Brasil, no mesmo período, há uma diversidade maior, incluindo,
inclusive, equipes de menor expressão no cenário do futebol brasileiro, como o
Santo André e o Paulista de Jundiaí, campeões em 2004 e 2005. Cabe lembrar
também que a disparidade nas cotas de patrocínio paga pela TV contribui em
muito para acentuar a desigualdade entre os clubes em confronto.
Sem falar que os clubes do
Sudeste viajam menos do que o restante. Por exemplo, em 2012, seis times do
Estado de São Paulo estavam na Série A (Corinthians, Palmeiras, São Paulo,
Santos, Portuguesa e Ponte Preta).
Temporada desastrosa para o apito:
No que diz respeito ao desempenho da arbitragem, minha
avaliação, com profundo desgosto, é que foi uma das piores temporadas
registradas no campeonato nacional. Não faltaram erros, omissões, equívocos. Na
17ª rodada, por exemplo, um gol do corintiano Jô foi injustamente anulado na
partida contra o Flamengo. Não existiu o impedimento que só o assistente viu, e
o árbitro corroborou; o jogador estava a mais de três metros atrás do penúltimo
defensor - portanto lance legal. O mesmo Jô foi beneficiado quando a arbitragem
validou um escandaloso gol de mão, que o adicional deveria ter visto e que
determinou a vitória por 1 x 0 sobre o Vasco , na 24ª rodada.
Por certo, os árbitros merecem e devem ser criticados por essas
falhas. Porém, as críticas mais contundentes deve ser dirigidas aos homens que
comandam a Comissão de Arbitragem da CBF. São eles que têm a
responsabilidade de traçar as diretrizes da arbitragem do futebol brasileiro,
organizando cursos de aperfeiçoamento e atualização unificando procedimentos,
fornecendo orientações técnicas e de preparo físico - tudo sobre a batuta de
instrutores qualificados.
Cabe a CA/CBF proporcionar às condições técnicas e psicológicas
que permitam aos árbitros executar o seu trabalho com serenidade, amparados nos
conhecimentos sólido da aplicação das regras do jogo. A profissionalização da
arbitragem, o fim do sorteio e a implementação do VAR (Video Assistant
Referee). Só quando essas condições forem atendidas teremos o nível de
excelência que todos desejamos para o apito nacional. Por enquanto estamos
distante deste ideal.
A solução dos problemas da
arbitragem brasileira requer competência, dedicação e desprendimento para
reconhecer e atender às necessidades profissionais dos homens e mulheres do
apito e das bandeiras. Não se trata de um caso de polícia que possa ser
resolvido por um coronel.
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