O
último árbitro formado pela Federação Paranaense de Futebol
(FPF), que atingiu o estrelato da FIFA e conseguiu ultrapassar as
fronteiras da América do Sul, foi Heber Roberto Lopes, em 1994 .Há
três anos, Heber deixou o futebol paranaense, quando foi contratado
pela Federação Catarinense de Futebol.
O
último árbitro formado pela (FPF), que apresenta indícios
qualitativos para atingir o quadro de elite da FIFA, é Rodolpho
Toski Marques (Asp/FIFA/PR), formado em fevereiro de 2006, por Nelson
Orlando Lehmkhul.
De
lá para cá, o futebol da terra das araucárias realizou inúmeros
cursos de arbitragem, mas, não produziu nenhum apito com pedigree
para alcançar o escudo da FIFA. Lembro que o setor de arbitragem da
(FPF), está há uma década sob a batuta de Afonso Vitor de
Oliveira, que assumiu o setor em outubro de 2006,
Na
Federação Catarinense de Futebol (FCF), o quadro é mais doloroso.
Após Dalmo Bozzano deixar a arbitragem em 1998, a (FCF) entrou em
profunda decadência - e embora tenha importado árbitros de outras
federações, como Marcio Resende de Freitas, Heber Roberto Lopes, Wagner Tardelli e
Sandro Meira Ricci, a entidade catarinense não consegue emplacar um
árbitro na elite, formado na sua escola de arbitragem há dezoito
anos. Há uma esperança surgindo após quase duas décadas: Bráulio
da Silva Machado (Asp/FIFA/SC).
Na
Federação Gaúcha de Futebol, o cenário mudou após Carlos Eugênio
Simon e Leonardo Gaciba encerrarem suas carreiras. Ficou Leandro
Vuaden na FIFA - mas, ninguém sabe dizer o que aconteceu com ele que
perdeu espaço em âmbito nacional e internacional. Há dois anos
surgiu um apito promissor no futebol gaúcho - Anderson Daronco.
Recentemente perguntei a Carlos Simon, o mais completo árbitro de
todos os tempos do futebol pentacampeão, quem é o melhor árbitro
dos gaúchos e ele me respondeu taxativamente: (o alemão é
imbatível) - numa referência a Leandro Vuaden.
No
Rio de Janeiro houve várias apostas na última década. Dentre elas,
Pericles Bassols e Marcelo de Lima Henrique. Ambos tiveram problemas
técnicos, físicos, médicos e políticos o que os impediu de
galgarem maiores degraus no Ranking da CBF.
Na
Federação Paulista de Futebol, que num pretérito não muito
distante foi considerada modelo na formação de árbitros e mantinha
três árbitros de qualidade no quadro da FIFA, a situação é de
penúria. O último árbitro com estofo internacional, foi Paulo
Cesar de Oliveira, hoje na TV, atuando como comentarista de
arbitragem.
Desde
então, os paulistas que tiveram como chefe da arbitragem durante dez
anos, o atual dirigente da CA/CBF Marcos Marinho, vivenciam escassez
nunca antes observada no quadro dos homens de preto. Raphael Claus
(FIFA/SP), o único árbitro que ainda não errou no Campeonato
Brasileiro de 2016, aparece como provável esperança dos paulistas.
Na
Federação Mineira de Futebol, o espectro é similar. A “seca”
que solapa a confraria do apito da capital das alterosas, deu sinais
que poderia acabar com a anunciação de Ricardo Marques Ribeiro
(FIFA/MG). Também não se sabe o que aconteceu com o indigitado
apito, que após viver temporada auspiciosa em 2015, na atual está
em compasso de espera.
Nas
regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, a imagem da miséria
qualitativa da arbitragem do outrora melhor futebol do mundo, se
repete em amplitude similar ou até mais acentuado do que nas regiões
Sul e Sudeste. Três apitos surgiram de lá nos últimos tempos:
Sandro Meira Ricci (FIFA/SC), o melhor de todos, Wilton Pereira
Sampaio (FIFA/GO) e Dewson de Freitas (FIFA/PA).
Sandro
Ricci conseguiu se projetar, porque além de ser altamente
intelectualizado, é sábio politicamente e nas competições
internacionais tem-se saído muito bem. Some-se ao exposto, que Ricci
deixou a origem, Brasília, e foi apitar em outras plagas.
Wiltom
Sampaio, quando apareceu em determinados jogos da CBF, deu
demonstração de que poderia ser um árbitro top de linha. Promovido
ao quadro internacional da FIFA, teve uma recaída considerável e
aos poucos vem se recuperando em âmbito nacional e internacional.
Dewson
de Freitas, surgiu com estilo diferenciado e exibiu algumas
arbitragens de alto nível. Elevado ao quadro da FIFA, caiu
vertiginosamente de qualidade. Caso não seja orientado, acompanhado
e, sobretudo, defina um modelo de comandar jogos de alta propulsão,
vai continuar utilizando o escudo da FIFA e nada mais. Até porque,
na região Norte não tem ninguém para lhe fazer sombra.
Este
articulado relata uma posição diminuta de uma dúzia de apitos da
Relação Nacional de Árbitros de Futebol (Renaf), que é composta
mais ou menos por quatrocentos e oitenta membros, divididos entre
apitos e bandeiras. Apitos e bandeiras que são formados nas escolas
de formação de arbitragem das federações, além da prática e da
teoria e são identificados com o dom, o talento e a vocação para o
labor do apito.
PS:
Deixo à imaginação do leitor decifrar: “Se a CBF e o
ex-dirigente da Comissão de Árbitros da entidade, Sérgio Corrêa
da Silva e a Escola Nacional de Arbitragem de Futebol (Enaf) não
tivessem realizado os cursos, palestras, seminários nacionais e
internacionais em que estágio estaria a nossa arbitragem"?
PS
(2): Diante do que se leu pergunto: O diretor da CA/CBF, Marcos
Marinho, terá coragem e a independência necessária para mexer no
“feudo” das federações, porque é de lá que vêm os árbitros
da CBF, e realizar as mudanças estruturais que a arbitragem
brasileira necessita para dar o tão sonhado salto de qualidade?