segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Continuísmo: A "Praga" da arbitragem brasileira

Diferentes setores do futebol brasileiro descontentes com a sequência de erros da arbitragem, sobretudo, na Série (A) do Campeonato Brasileiro, trabalham ininterruptamente pela saída de Sérgio Corrêa da CA/CBF. O problema da arbitragem nacional não está localizado na comissão e muito menos em Corrêa. Não fora a realização de inúmeros cursos, seminários e painéis nos últimos anos pela CA/CBF, sob a regência de Sérgio Corrêa, a arbitragem brasileira já teria ido para o beleléu.

O buraco é mais em baixo. A problemática tem início nas federações de futebol - de onde a CBF empresta apitos e bandeiras. Dentre os obstáculos que tem contribuído para a precária qualidade de juízes e bandeirinhas, destaco a formação e o continuísmo das comissões de árbitros das federações.

Querem alguns exemplos? Há quanto tempo, o Cel. Marinho está à frente do comando do decadente quadro de árbitros da Federação Paulista de Futebol? Há quanto tempo, Luiz Fernando Moreira gere os destinos da confraria do apito da Federação Gaúcha de Futebol sem nunca ter apitado uma partida de futebol profissional? Há quanto tempo, Jorge Rabello dirige o decadente setor da arbitragem da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro e ao mesmo tempo preside o sindicato dos árbitros de futebol da ex-cidade maravilhosa? Há quanto tempo, Afonso Vitor de Oliveira é o diretor da comissão de árbitros da Federação Paranaense de Futebol? Há quanto tempo, Wilson Paim (ad aeternum) está dirigindo o paupérrimo quadro de arbitragem da Federação Bahiana de Futebol? Podia ir mais à frente, mas paro por aqui.

Pergunto: Quantos árbitros e assistentes (Top de linha), os dirigentes acima nominados revelaram ao futebol pentacampeão desde que assumiram a direção das comissões das federações mencionadas até os dias atuais? Além da ultrapassada pré-temporada, quantos cursos, painéis, seminários de requalificação, quantos intercâmbios com as demais federações, com a Conmebol ou a Uefa foram efetivados pelas entidades aqui citadas em benefício dos seus quadros de arbitragem?  

O segundo óbice que tem proporcionado “inestimável” contribuição à precária qualidade dos árbitros em todo o País, encontra-se nas escolas de formação de arbitragem. A maioria desses organismos, sofre ingerência dos dirigentes das comissões e em alguns casos há pessoas que nunca apitaram uma partida de futebol de pelada de menino de conjunto habitacional, ministrando curso. Some-se ao exposto, a didática incorreta aplicada nos cursos de formação, e a consequente desatualização dos “professores” em relação às Regras de Futebol e as diretrizes que devem ser repassadas à arbitragem.

A terceira problemática que tem substanciado a derrocada do árbitro do futebol brasileiro, atende pelo nome de dirigentes de associações e sindicatos. Tornou-se regra encontrarmos sindicalistas ocupando cargos nas federações de futebol e na CBF como: membro da comissão de arbitragem, membro da comissão de segurança pública, assessor e/ou relações públicas, assessor de árbitros da federação, professor da escola de formação de arbitragem, tutor, assessor, delegados de arbitragem da CBF, vice-presidente disso ou daquilo. Pode? 

É óbvio que há outros entraves que impedem a arbitragem de apresentar um labor de melhor qualidade, mas diante do quadro “doloroso” egresso das federações de futebol, os demais fatos são filigranas. Diante do que, não há como propiciar uma arbitragem que tome decisões próximas da uniformidade das Regras de Futebol.

PS: A proposição de inserir um membro da Associação Nacional de Árbitros de Futebol (Anaf), como integrante da Comissão de Arbitragem da CBF, é o caminho inexorável para subtrair o mínimo de credibilidade que ainda tem o árbitro no Brasil. E, por conseguinte, é a medida que vai propiciar o futuro funeral do árbitro do futebol brasileiro.

PS (2): Ouço e leio alguns nomes de ventríloquos que podem substituir Sérgio Corrêa, caso o mesmo deixe a CA/CBF. Mas se acontecer o que muitos desejam, por favor busquem nomes à altura para substitui-lo. Corrêa na atualidade está para a arbitragem brasileira, assim como Massimo Busacca está para a Fifa e Pierluigi Collina à Uefa.

PS (3): Sugiro nomes com Know-how a respeito da arbitragem nacional e internacional como, Carlos Eugênio Simon, José Mocelin, Renato Marsiglia, Sálvio Spínola e Wilson Luiz Seneme.

  

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