quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Veto do 0,5% deve servir de reflexão


Os grandes vencedores pela manutenção do veto de 0,5% como direito de arena aos árbitros do futebol brasileiro, na sessão conjunta do Congresso Nacional, na noite da última terça-feira (22), foram os cartolas que comandam os clubes, as federações a CBF e, por extensão a TV. Porque o percentual solicitado pela arbitragem se derrubado o veto, sairia do bolo de um dos membros do quarteto ou os quatro teriam que se cotizar e fatiar o 0,5% aos homens de preto.
 Derrotados duas vezes consecutivas nos últimos dias, dirigentes sindicais da arbitragem precisam refletir e se reinventar 
Dito isto, a vitória dos nominados acima não aconteceu por acaso. Ao longo dos anos, cartolagem, CBF, federações e a TV se organizaram em grupos - suas ações passaram a ser milimetricamente planejadas em todas as esferas do futebol, por especialistas em marketing, regulamentos das competições, assessores jurídicos de excelência e outros mecanismos para então serem colocadas em prática.

E, como prova cabal da nossa afirmação, os dirigentes de diferentes segmentos do futebol brasileiro, organizados decidiram avançar em outras áreas e passaram a eleger pessoas identificadas com as suas ideias e ações na Câmara dos Deputados e no Senado Federal em Brasília - o resultado foi a criação da denominada “bancada da bola”. Segmento respeitável que tem agido em defesa dos interesses da CBF, das federações e dos clubes.

Tanto é verdade que na diretoria da CBF e nas federações de futebol de todo o País, há um contingente expressivo de deputados estaduais, federais e senadores, em cargos diretivos dessas entidades. E de lá só saem quando vitimados por doença grave, morte ou por decisão judicial. Mas quando isto acontece, a cartolagem organizada como é, já tem um substituto para repor no lugar daquele saiu.

O resultado de tudo o que você leu acima, foi transformado em vendas de atletas para o exterior, publicidade nos uniformes dos atletas e nos estádios das equipes e cota de televisão que rendem milhões de reais aos cofres da CBF, clubes e federações.

Enquanto o quarteto acima dá carta, joga de mão e fica com o “curinga” na manga voando, um setor primordial para o bom desempenho de toda e qualquer competição de futebol, a arbitragem, estacionou no tempo.

Ao invés de buscar mecanismos que direcionassem a arbitragem a obter um patamar de qualidade e pleitear junto as federações e a CBF melhores condições de trabalho, taxas e diárias condizentes, patrocínio na vestimenta revertido em pról dos árbitros, cursos de capacitação continuada, para prestarem um trabalho de alto nível aos clubes e deles conseguir respeito que a categoria merece, os homens que manejam o apito e a bandeira optaram em “brigar por escalas”, junto as federações e a CBF.

Além do exposto, os juízes e bandeiras do território brasileiro, “manobrados” por gente com interesses alheios a uma arbitragem de excelência, optaram pelas associações que não possuem legitimidade perante a CLT, a Constituição brasileira e o ministério do Trabalho e Emprego, em detrimento dos sindicatos.

Nunca é demais lembrar que na atualidade uma plêiade de dirigentes de associações e sindicatos da confraria do apito, exercem funções em cargos de segundo escalão nas federações de futebol e na CBF, o que aniquilou com qualquer vestígio de independência da categoria.

É óbvio que com o quadro de pobreza de pensamento, de ações, de projetos de interesse da classe e, sobretudo de independência, só podia dar “chabu” na reivindicação de 0,5% como direito de arena.

Diante de tudo que se leu, é chegado o momento de a arbitragem se organizar, fundar em caráter emergencial a Federação Brasileira de Árbitros de Futebol, que deve ser composta por gente que tenha conhecimento jurídico e comprometidas com a classe dos homens de preto.

PS: A manutenção do veto de 0,5% deve servir de reflexão à Associação Nacional de Árbitros (Anaf), ao seu departamento jurídico, ao interlocutor político escolhido pela Anaf que está alocado no Distrito Federal, às associações e sindicatos e aos grandes “perdedores”, os árbitros. Se não se reinventarem, a Anaf, sindicatos e os árbitros, continuarão dando com os “burros n'água.”

PS (2): Além da reflexão, Anaf e sindicatos se possuem a mínima intenção de mudar o quadro vexatório que proporcionaram nas últimas lidas e recuperar a credibilidade junto a confraria do apito, devem tomar um posicionamento a respeito das associações que não teem nenhuma legitimidade para representar a categoria dos apitos. "Talvez, o jurídico da Anaf desconheça o assunto". No entanto, não se sabe porque cargas d'água, a direção da Anaf renitentemente continua dando guarida às associações, cuja missão precípua é realizar eventos sociocultural.   

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