terça-feira, 15 de setembro de 2015

Carta incompleta

   Alegando custo financeiro elevado e na contramão dos principais campeonatos do planeta,  a CBF extinguiu os (AAA)
Li, reli e trevi, a carta elaborada pela Associação Nacional de Árbitros de Futebol (Anaf), que esteve reunida no final de semana que passou, com as entidades de classe que representam os homens do apito do futebol brasileiro em Belo Horizonte (MG).

O conteúdo da indigitada carta apresenta alguns déficit que deveriam constar como condição “sine qua non”, para o desenvolvimento e crescimento qualitativo da arbitragem brasileira para as próximas temporadas. Até porque, após a lei que regulou a atividade do árbitro como profissional, a dois anos atrás, a categoria dos homens de preto não conquistou mais nada.

Não consta na indigitada carta, a solicitação para que os dirigentes de associações e sindicatos de árbitros entreguem seus cargos independente da função nas federações e na CBF. Esta prática “nefasta”, tornou-se regra no futebol brasileiro - e é na atualidade senão a principal, uma das principais mazelas que conspiram contra a independência dessas instituições e, por extensão, quando a categoria tenta reivindicar algo em seu benefício independente de lei ou não.

Em pleno século 21, é inaceitável que pessoas que foram eleitas para defender os interesses da confraria do apito, exerçam  funções nas federações de futebol ou na CBF e de ambas recebam algum tipo de remuneração direta ou indiretamente. No jargão sindical, os que assim procedem são considerados “pelegos”.

A carta é omissa na questão das duas logomarcas estampadas na vestimenta da arbitragem que atua nos torneios da CBF. A que está alocada nas mangas das camisas independe de lei. Basta a Anaf solicitar o cumprimento da circular da Fifa, que determina que os valores financeiros obtidos com aquela publicidade sejam revertidos exclusivamente aos árbitros. Já a propaganda nas costas dos homens de preto é vedada pela entidade internacional - mesmo assim, os árbitros são explorados pela CBF que não lhes repassa um único centavo do montante estratosférico que a entidade fatura.

Outra fato que deveria constar na carta, mas não consta, diz respeito aos Árbitros Assistentes Adicionais (AAA), que estão inseridos no manual das Regras de Futebol da Fifa e do Board, com funções definidas para auxiliar o árbitro – os (AAA) atuam em diferentes competições do planeta, inclusive na Liga dos Campeões e na Liga da Europa - onde estão os maiores clubes de futebol do mundo e os principais craques do futebol mundial. Mas no futebol brasileiro foram extintos, porque o custo financeiro foi considerado muito alto pela CBF.

Com o quadro acima mencionado, falar em independência dos árbitros, profissionalismo da arbitragem, direito de arena e derrubada do artigo da Medida Provisória 671/2015, que destina 0,5% à arbitragem, patrocínio do uniforme de 100% aos árbitros, greve, convenção coletiva de trabalho, com assessoria jurídica que tem deixado a desejar, com interlocutor político de primeiro mandato em Brasília, que fracassou no pleito do 0,5%, com gente que está a frente das associações de árbitros “ad eternum”, e não deseja a criação do sindicato, porque terão que convocar novas eleições e por isto temem perder as prebendas e sinecuras, significa “subestimar” a inteligência da categoria dos apitos do futebol pentacampeão.

PS: Apesar das negativas da CBF em investir maciçamente no seu quadro de arbitragem, Heber Roberto Lopes (FIFA/SC), foi designado pela Fifa para comandar Uruguai x Colômbia, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, no próximo dia 13. Os assistentes Bruno Boschilia (FIFA/PR) e Kleber Lucio Gil (FIFA/SC) completam o trio brasileiro que irá laborar na aludida partida. 

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