Nesta segunda-feira (29), trinta árbitros e assistentes que participam da Copa América
divulgaram um manifesto em apoio aos paraguaios Carlos Amarilla, Rodney
Aquino e Carlos Cáceres, suspensos pela Associação Paraguaia de Futebol
por suspeita de participação em esquema de manipulação de resultados
que envolve a partida entre Corinthians e Boca Juniors na Libertadores
de 2013.
O brasileiro Sandro Meira Ricci, Emerson de Carvalho e Fabio Pereira assinam o documento.
No comunicado, os árbitros dizem repudiar "todo tipo de medida baseada
em presunções" e oferecem "apoio e solidariedade aos colegas afetados,
que consideramos pessoas dignas e íntegras".
Eles também rebatem as acusações que pesam sobre o trio paraguaio.
"Rechaçamos que a falibilidade humana (muitas vezes perceptível apenas
em imagens de televisão) esteja direcionada a distorcer os princípios do
Jogo Limpo."
ENTENDA O CASO
Um programa de TV argentino exibiu no domingo (21) escutas telefônicas
que mostram gravações da chamada "Máfia do Futebol", que está sob
investigação local. Uma das conversas exibidas levanta suspeitas sobre a arbitragem de Carlos Amarilla, que em 2013 prejudicou o Corinthians no duelo contra o Boca Juniors na Libertadores.
O diálogo em questão – ouça os áudios aqui – envolve Julio Grondona, então presidente da AFA (Associação do Futebol Argentino), que morreu em 2014,
e Abel Gnecco, representante argentino no comitê de árbitros da
Conmebol e se dá em 17 de maio de 2013, dois dias depois do Boca
eliminar o Corinthians em pleno Pacaembu. Na ocasião, o paraguaio Carlos
Amarilla foi questionado pelos corintianos por dois gols anulados e um pênalti não assinalado.
Na conversa gravada, Gnecco relata como foi a decisão pela escolha do juiz paraguaio.
"Estive falando com Alarcón [Carlos Alarcón, representante paraguaio na
Comissão de Árbitros da Conmebol] e ele me disse: [...] 'Estão querendo o
Amarilla aí na Argentina?' Veja, se querem eu não sei, eu quero.
Coloque ele e deixe de me encher o saco. Alarcón, ponha ponha o Amarilla
e deixe de me ferrar. Bom, foi assim, ele colocou e bom... E saiu bem
porque, bem, tem de ser assim", disse Gnecco a Grondona.
A conversa é uma das 11 reveladas pelo programa de TV, que teve acesso
às escutas usadas em uma investigação que começou em 2012 e teria
investigado de sonegação de impostos em negociações de jogadores a
manipulações no futebol. Embora a apuração seja anterior à divulgação do
escândalo da Fifa,
a presença de Grondona une os dois casos, já que o argentino era
vice-presidente da entidade internacional e foi citado no inquérito que
prendeu sete cartolas em Zurique, José Maria Marin entre eles.
ESCUTAS TELEFÔNICAS
Conversa entre Grondona e Abel Gnecco indicam que argentinos teriam escolhido árbitro de Corinthians x Boca Juniors, em 2013
Conversa entre Grondona e Abel Gnecco indicam que argentinos teriam escolhido árbitro de Corinthians x Boca Juniors, em 2013
Os personagens:
Jorge Adorno/Reuters |
Carlos Amarilla
* Árbitro paraguaio
* Atuou na Copa do Mundo de 2006
* Foi criticado por sua arbitragem no jogo de volta entre Corinthians e Boca Juniors pelas oitavas de final da Libertadores de 2013, no Pacaembu
* Deixou de marcar um pênalti para o Corinthians e anulou gol legal da equipe alvinegra
* Ele admite ter cometido erros, mas nega que tenha favorecido o Boca Juniors
* Árbitro paraguaio
* Atuou na Copa do Mundo de 2006
* Foi criticado por sua arbitragem no jogo de volta entre Corinthians e Boca Juniors pelas oitavas de final da Libertadores de 2013, no Pacaembu
* Deixou de marcar um pênalti para o Corinthians e anulou gol legal da equipe alvinegra
* Ele admite ter cometido erros, mas nega que tenha favorecido o Boca Juniors
Jorge Adorno/Reuters |
Julio Grondona
* Ex-presidente da AFA (Associação do Futebol Argentino)
* Morto em 2014, é investigado por envolvimento no escândalo de corrupção no futebol revelado pela Justiça americana
* Comandou a federação argentina de 1979 até sua morte
* Começou a carreira de dirigente ao fundar o Arsenal de Sarandí, em 1956
* Também foi dirigente do Independiente, entre 1962 e 1979
* Ex-presidente da AFA (Associação do Futebol Argentino)
* Morto em 2014, é investigado por envolvimento no escândalo de corrupção no futebol revelado pela Justiça americana
* Comandou a federação argentina de 1979 até sua morte
* Começou a carreira de dirigente ao fundar o Arsenal de Sarandí, em 1956
* Também foi dirigente do Independiente, entre 1962 e 1979
Abel Gnecco
* Diretor da escola de árbitros da AFA
* Representante argentino no comitê de árbitros da Conmebol (Confederação de Futebol da América do Sul)
* Diretor da escola de árbitros da AFA
* Representante argentino no comitê de árbitros da Conmebol (Confederação de Futebol da América do Sul)
A conversa:
(17 de maio de 2013, dois dias depois do Boca Juniors eliminar o Corinthians da Libertadores)
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