segunda-feira, 24 de junho de 2013

Notícias do apito

Uma palavra antiga
 
Observando o desempenho das arbitragens nesta temporada no futebol brasileiro, lembrei-me de uma palestra que assisti em 1982, proferida pelo Cel. Áulio Nazareno (in memoriam), que ocupou com muito brilhantismo o comandado da extinta Cobraf – Comissão Brasileira de Arbitragem. Nazareno, convidado pelo arauto da arbitragem do futebol do Paraná, Rubens Maranho (in memoriam) - disse naquela palestra que, o árbitro de futebol e o bandeirinha à época, assim eram denominados os hoje assistentes, deveriam se  exercitar  semanalmente de duas a três vezes por semana e o quadro de árbitros no seu todo, pelo menos uma vez  por mês.
 
Questionamentos necessários
 
Para o Cel. Áulio Nazareno, exercitar-se significava não apenas praticar atividades físicas. Mas, discutir os lances que ocorrem nas chamadas “zonas negras” do campo de jogo, sobretudo dentro da área de pênalti, onde segundo o mestre da arbitragem nacional, “morrem”  a maioria dos árbitros. Naquela mesma tarde cinzenta de 82, no prédio da Federação Paranaense de Futebol, o Cel. deixou claro que era imperativo convidar conferencistas com notório saber sobre as leis do jogo de outras regiões do Brasil e se possível do exterior, objetivando colocar o árbitro do futebol brasileiro em condições de igualdade com o árbitro europeu.  
 
Épocas não mudam
 
E, como última observação, após uma leitura pormenorizada do livro de regras, Nazareno sugeriu que fossem disponibilizados filmes, vídeos nas discussões em grupos que deveriam acontecer de maneira equilibrada e se possível já naquela época, as federações deveriam providenciar recursos para que os árbitros tivessem acesso a alguma língua estrangeira.
 
Profissão não muda os erros
 
Trinta e um anos se passaram e a arbitragem brasileira com raríssimas exceções, continua a passos de cágado e a comprovação pode ser vista no desempenho sofrível das arbitragens nas competições da CBF, em pleno século 21. Os avanços nos quesitos técnico, tático, físico e psicológico foram tímidos. E para atestar a veracidade da nossa crítica, a CA/CBF designou um reteste no quesito físico para a próxima quinta-feira (27), aos árbitros, assistentes e  árbitras, que reprovaram em recente teste físico. Nesse reteste, está inserido Wilson Luiz Seneme (Fifa/SP), que foi indicado para ser o representante da arbitragem brasileira na Copa de 2014, porém, foi reprovado em duas oportunidades nos testes físicos da Fifa, o que provocou o seu desligamento do Mundial.
 
Opiniões são divergentes
 
Em Santa Catarina no final de semana que passou, o presidente da CA/CBF Antonio Pereira da Silva, ministrou um curso de requalificação teórica e prática aos apitos catarinenses. O fato que aconteceu em Balneário Camboriu é elogiável, mas é insignificante dada as várias competições que tem a entidade nacional e ao ingente número de equívocos de interpretação e aplicação das Regras de Futebol, que, ocorreram nas últimas temporadas, em específico neste ano. Acrescente-se ainda, o desfile de um contingente expressivo de homens de preto, que  exibem a cada jogo da Copa do Brasil ou do Campeonato Brasileiro, uma inaceitável protuberância abdominal (índice de massa corpórea), o que avilta o personagem mais importante de uma partida, que é o árbitro.
 
Assessor foi banalizado (1)  
 
Outra situação vergonhosa que se perpetuou na CA/CBF e é uma das causas da indigência qualitativa do árbitro brasileiro, diz respeito a designação do Assessor de Arbitragem ou Observador de Árbitros como queiram.  Essa função diz a Fifa, deve ser exercida por ex-árbitros com notório conhecimento sobre as Regras de Futebol. Aqui, a função do assessor ou observador foi banalizada, já que a CA/CBF vem designando há muito tempo, pessoas sem a menor qualificação para exercerem tão importante missão. Há casos de assessores que nunca apitaram sequer uma partida de futebol de menino de conjunto residencial.
 
Assessor foi banalizado (2)
 
Edson Resende Oliveira, Sérgio Corrêa da Silva, Aristeu Leonardo Tavares e agora Antonio Pereira da Silva, todos ex-árbitros, sendo que alguns atuaram em Copa do Mundo e todos estiveram a frente da chefia do apito brasileiro nas últimas décadas. Pergunto: Quais são os motivos que obrigaram esses cidadões a concordarem com a escalação de pessoas sem identidade com as tomadas de decisões do árbitro e seus assistentes no campo de jogo?  Ao aceitarem essa situação, os senhores acima nominados, direta ou indiretamente, contribuíram e muito para que a tão sonhada padronização e, por extensão, o aprimoramento do árbitro de futebol no Brasil fosse prejudicado.
 
Copa das Confederações segue trilha antiga
Divulgação
 
A arbitragem desenvolvida na Copa das Confederações em algumas partidas, tem apresentado alguns lances que em nosso futebol diferem e muito em diferentes lances, como a marcação da faltas. Mas, também, em que pese todo o esforço de Fifa no processo seletivo e, por conseguinte, na preparação dos árbitros e assistentes, tem acontecido vários equívocos técnicos. Até o presente momento, a confraria dos homens de preto da entidade que controla o futebol no planeta, não mostrou nada de excepcional. Howard Webb (foto) é a única exceção.
 
PS: Não entendi, assim como a maioria dos apitos brasileiros não entendeu, a postura da Anaf – Associação Nacional de Árbitros, em postar no seu site que o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias é favorável a profissionalização da arbitragem. Ser favorável eu também sou. Que tal sua excelência encampar o projeto da profissionalização?  Se isso acontecer, aí a situação pode tomar um rumo. Do contrário, tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. E como mensagem final à Anaf, é imperativo procurar o senador Pedro Taques e ler o regimento que norteia a comissão onde está o Projeto de Lei, que versa sobre a profissionalização do árbitro de futebol no Brasil. É o regimento da comissão que vai dizer se o projeto deve ser reapresentado pelo senador ou se o projeto não poderia ser arquivado.
Divulgação

2 comentários:

  1. Caro Bicudo, como o senhor pode pegar tanto no pé dos Assessores. Eles passam por provas da CBF e eles realizam treinamentos especificos também.

    Será que esta mágou é pelo fato do senhor ser preterido para esta relevante atividade?

    Nem precisa publicar meu post, mas tenho lhe acompanhado a tempos e noto muita amargura.

    Quantos assessores existem, quantos bons e quantos ruins o senhor pode afirmar que existem?

    Entre os jogadore, juizes e policiais existem os bons e ruins.

    Que coisa feia ficar pegando no pé dos assessores de futebol.

    Fui pesquisar e a maioria dos assessores do PR atuaram na arbitragem.

    O senhor anda mal informado!

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    1. Prezado internauta, nunca pedi a ninguém na Federação Paranaense de Futebol e a nenhuma pessoa na CBF até o presente instante, para ocupar a função de assessor. Não é minha praia, embora tenha militado como árbitro e seja na atualidade um estudioso das REGRAS DE FUTEBOL. Sou favorável ao velho adágio popular de que cada "macaco no seu galho". Quem não apitou, não vestiu a indumentária de árbitro ou assistente, não vivenciou partidas de futebol do amador, infantil, juvenil, júnior, profissional, vestido de preto, amarelo azul ou outra cor no seu uniforme, não pode ser assessor de nada na minha opinião e, sobretudo,da Fifa. Quem é designado para tão importante missão, como é a do Assessor de Arbitragem deve ter notório conhecimento sobre as REGRAS DE FUTEBOL e ter exercido a atividade de árbitro de futebol. Por favor, leia as circulares da Fifa e observe qual é a determinação da entidade internacional sobre os assessores. Não é minha praia, nunca pedi a ninguém para ser e se fosse convidado recusaria. Assessor de Arbitragem que não apitou uma única partida de futebol, não fez o curso de árbitros, não vivenciou (ou seja, não viveu intensamente) - a condição de árbitro de futebol é um alienígena. E, presta um desserviço a qualidade da arbitragem brasileira, quando exerce tão importante missão, que foi entregue a pessoas em vários Estados do Brasil, sem as qualificações exigidas. É por esse e outros motivos de que não cabem neste espaço, que o árbitro de futebol no País pentacampeão de futebol é visto e tratado como um ser abjeto, desprezível, descartável.
      Valdir Bicudo

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