quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O modelo de arbitragem de futebol no Brasil está falido


Basta trocar algumas palavras sobre arbitragem de futebol com Marco Antonio Martins (foto) para o interlocutor perceber que o atual presidente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF) é um homem que domina plenamente o assunto, não apenas em relação a avaliação da conjuntura do universo do apito e das bandeiras, mas também os meandros políticos e jurídicos que o envolvem.

Com 46 anos de idade, ele atuou até os 45 como árbitro assistente da CBF e da Federação Catarinense de Futebol, mas continua militando no mundo futebolístico, como o dirigente maior da ANAF. É também presidente do licenciado do Sindicato dos Árbitros de Futebol de Santa Catarina e funcionário público federal de carreira há 28 anos (trabalha na Universidade Federal de Santa Catarina). Nesta entrevista concedida com exclusividade à assessoria de imprensa do SAFERGS em seu gabinete na UFSC, na tarde de 4 de fevereiro, Marco Antonio Martins fala sobre as batalhas do presente que dizem respeito ao futuro dos homens e das mulheres de preto, que trilando o apito ou empunhando a bandeira são, depois dos jogadores, os principais protagonistas do grande espetáculo do futebol. Confira.

A arbitragem do futebol brasileiro está em crise?
Na minha opinião o modelo de arbitragem no Brasil está falido, nós temos que mudar o vínculo dos árbitros, a forma dos árbitros atuarem. Entendo que a nova estrutura passa pela profissionalização, com organização melhor e mais apoio ao árbitro. O problema não é só de fase ou período de transição. O problema é o modelo que está desatualizado. O futebol evoluiu muito e arbitragem não acompanhou, continua da mesma forma.

 

Existe a perspectiva de que a profissionalização seja efetivada a médio ou curto prazo?

O projeto de regulamentação da profissão sofreu alteração na Câmara dos Deputados e por isto retornou ao Senado Federal. A previsão é que em breve vá para apreciação da Comissão de Assuntos Sociais e vá para o plenário do Senado ainda no primeiro semestre para a aprovação. Daí seguirá para sanção ou veto da presidente Dilma. Há também uma questão política para ser superada, que é a orientação do governo para que a base governista não aprove a criação de mais nenhuma profissão no país. Não é nenhuma restrição específica para a arbitragem, mas em relação a todo o país. É um problema que estamos tentando resolver através do convencimento político junto aos parlamentares.
 
Como está a situação do pleito para a obtenção de recursos que a ANAF encaminhou ao Ministério do Esporte?
Passamos da fase documental, e agora em março teremos uma reunião técnica com integrantes do ministério para liberação do projeto. Acredito que em meados deste mês vai estar integralmente aprovado. Partiremos então para a captação de recursos.

Como o senhor analisa a questão da formação de novos árbitros?
O que a ANAF está pleiteando é a regularização da situação das escolas de arbitragem de futebol no Brasil. O que reivindicamos é a aplicação da Lei Pelé, que é bem clara quando estabelece que a captação, a formação e a organização dos árbitros far-se-á por conta das associações e sindicatos. Neste mesmo artigo da lei, o parágrafo único diz que o vínculo empregatício não será das federações. Estão utilizando o parágrafo único para não estabelecer o vínculo, mas o caput do artigo diz que a formação, a captação, o oferecimento, o fornecimento de profissionais às federações são atribuições dos sindicatos. Isto não está sendo obedecido. A ANAF já elaborou e encaminhou para a CBF um documento com parecer jurídico apontando esta irregularidade e solicitando providências.

Qual a situação atual da ANAF?
A ANAF estava sucateada. Não tinha uma folha de papel para trabalhar. Inclusive tivemos que recuperar muito da história da ANAF, porque algumas pessoas se achavam donas da entidade e ficaram com muitos documentos. O compromisso que assumi em 2011 era de organizar a casa, para ANAF voltar a ter uma sede, uma estrutura mínima para atender aos interesses dos árbitros. Este ciclo está se fechando agora em 2014. O próximo presidente da ANAF vai encontrar uma base alicerçada para daqui para a frente realizar um bom trabalho.

Por José Edi Nunes da Silva, da assessoria de imprensa do SAFERGS

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