Basta trocar algumas palavras sobre arbitragem de futebol com Marco Antonio Martins (foto) para o interlocutor perceber que o atual presidente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (ANAF) é um homem que domina plenamente o assunto, não apenas em relação a avaliação da conjuntura do universo do apito e das bandeiras, mas também os meandros políticos e jurídicos que o envolvem.
Com 46 anos de idade, ele atuou até os 45 como árbitro assistente
da CBF e da Federação Catarinense de Futebol, mas continua militando no mundo
futebolístico, como o dirigente maior da ANAF. É também presidente do
licenciado do Sindicato dos Árbitros de Futebol de Santa Catarina e funcionário
público federal de carreira há 28 anos (trabalha na Universidade Federal de
Santa Catarina). Nesta entrevista concedida com exclusividade à assessoria de
imprensa do SAFERGS em seu gabinete na UFSC, na tarde de 4 de fevereiro, Marco
Antonio Martins fala sobre as batalhas do presente que dizem respeito ao futuro
dos homens e das mulheres de preto, que trilando o apito ou empunhando a
bandeira são, depois dos jogadores, os principais protagonistas do grande espetáculo
do futebol. Confira.
A arbitragem do futebol brasileiro está em crise?
Na minha opinião o modelo de arbitragem no Brasil está
falido, nós temos que mudar o vínculo dos árbitros, a forma dos árbitros
atuarem. Entendo que a nova estrutura passa pela profissionalização, com
organização melhor e mais apoio ao árbitro. O problema não é só de fase ou período
de transição. O problema é o modelo que está desatualizado. O futebol evoluiu
muito e arbitragem não acompanhou, continua da mesma forma.
Existe a perspectiva de que a profissionalização seja efetivada
a médio ou curto prazo?
O projeto de regulamentação da profissão sofreu alteração na
Câmara dos Deputados e por isto retornou ao Senado Federal. A previsão é que em
breve vá para apreciação da Comissão de Assuntos Sociais e vá para o plenário
do Senado ainda no primeiro semestre para a aprovação. Daí seguirá para sanção
ou veto da presidente Dilma. Há também uma questão política para ser superada,
que é a orientação do governo para que a base governista não aprove a criação de mais
nenhuma profissão no país. Não é nenhuma restrição específica para a
arbitragem, mas em relação a todo o país. É um problema que estamos tentando
resolver através do convencimento político junto aos parlamentares.
Como está a situação do pleito para a obtenção de recursos que a ANAF
encaminhou ao Ministério do Esporte?
Passamos da fase documental, e agora em março teremos uma
reunião técnica com integrantes do ministério para liberação do projeto. Acredito
que em meados deste mês vai estar integralmente aprovado. Partiremos então para
a captação de recursos.
Como o senhor analisa a questão da formação de novos árbitros?
O que a ANAF está pleiteando é a regularização da situação
das escolas de arbitragem de futebol no Brasil. O que reivindicamos é a aplicação
da Lei Pelé, que é bem clara quando estabelece que a captação, a formação e a
organização dos árbitros far-se-á por conta das associações e sindicatos. Neste
mesmo artigo da lei, o parágrafo único diz que o vínculo empregatício não será
das federações. Estão utilizando o parágrafo único para não estabelecer o vínculo,
mas o caput do artigo diz que a formação, a captação, o oferecimento, o
fornecimento de profissionais às federações são atribuições dos sindicatos. Isto
não está sendo obedecido. A ANAF já elaborou e encaminhou para a CBF um
documento com parecer jurídico apontando esta irregularidade e solicitando
providências.
Qual a situação atual da ANAF?
A ANAF estava sucateada. Não tinha uma folha de papel para
trabalhar. Inclusive tivemos que recuperar muito da história da ANAF, porque algumas
pessoas se achavam donas da entidade e ficaram com muitos documentos. O
compromisso que assumi em 2011 era de organizar a casa, para ANAF voltar a ter
uma sede, uma estrutura mínima para atender aos interesses dos árbitros. Este
ciclo está se fechando agora em 2014. O próximo presidente da ANAF vai
encontrar uma base alicerçada para daqui para a frente realizar um bom trabalho.
Por José Edi Nunes da Silva, da assessoria de
imprensa do SAFERGS
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