Observando as notícias inerentes a arbitragem, sinto um desconforto intracorpóreo na confraria do apito brasileiro, acerca das declarações do ex-presidente da CA/CBF, Aristeu Tavares a um veículo de comunicação da cidade de Goiânia (GO). Na entrevista, fala-se em supostas “desconfianças” nas tomadas de decisões no campo de jogo dos homens de preto na Europa, e, por extensão, no futebol brasileiro.
Não
vou entrar no mérito da entrevista e muitos menos na querela se há ou não
problemas antiéticos na arbitragem
brasileira. O imbróglio que envolve o árbitro de futebol no Brasil é estrutural
e é composto de multiplos interesses. Eles têm início na CBF, passa pelas federações estaduais, os
dirigente dos clubes, as entidades de classe que representam os apitadores de
forma fragmentada e, principalmente, pelos maiores interessados que são os
árbitros.
Digo
isso porque, enquanto a TV, a CBF, as federações, os clubes e os atletas se
organizaram e faturam milhões de reais a cada temporada, os árbitros, em “troca” de uma escala e de uma bela viagem
de avião, perderam a capacidade de agir com independência e de se organizarem
adequadamente, para obterem o reconhecimento da sibilina missão que exercem dos
segmentos que compõe o futebol e serem remunerados a altura de suas funções.
Há
décadas, enquanto diferentes categorias trabalhistas aproveitaram o advento da
Constituição de 1988, criando sindicatos que se solidificaram, o árbitro de
futebol no Brasil, buscou alternativas opostas e os resultados culminaram em
vários grupos dispersos como as nuvens, que são manejadas pelo vento e cada vez
mais enfraquecidos.
Além
da ausência de um projeto de organização no próprio meio, a arbitragem brasileira tem contra si quatro fortíssimos
componentes. As federações estaduais não
investem na base onde tudo tem seu início, as comissões de arbitragens, os
observadores de árbitros e os “professores” dos cursos de formação de árbitros,
foram entregues a uma “legião de alienígenas”, que travestidos de “mestres” e
com um livro de Regras de Futebol nas maõs, despejam a cada temporada em todas
as federações, uma plêiade de apitos malformados. Sem acompanhamento e
desprovidos de aprimoramento, os futuros apitos são jogados na arena da bola e
salve-se quem puder.
PS (1): A débâcle
que atinge a arbitragem nacional é
gravíssima. Explico: Aquele que é considerado o melhor árbitro de futebol do
País pentacampeão de futebol, Wilson Seneme (Fifa/SP), indicado para a fase
pré-seletiva da Copa do Mundo de 2014, foi reprovado nos dois testes físicos da
Fifa.
Foto: Divulgação
PS (2): De tudo que se deduziu neste escrito de natureza obviamente crítica,
emerge uma verdade que não pode ser recusada: O árbitro e a arbitragem em nosso
país, estão em queda livre, como que um avião despencando das alturas em
parafuso. A essência do que motivamos acima tem como destinação a cartolagem que
comanda o nosso futebol, permitindo-se aduzir que é de pobreza sem dimensões.
Resta como alternativa e como opção única, inafastável e compulsória “mostrar
cartão vermelho”, a todos que dirigem o futebol nesta esfera, com a
substituição de mentores que possam suprir toda a mediocridade administrativa
até hoje cadastrada nesta área. Nada mais se poderia dizer, pois tudo foi dito,
restando apenas que os destinatários de nossa mensagem raciocinem e
naturalmente, voluntariamente, peguem o boné. Como se diria, num discurso:
TEMOS DITO!
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