segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Notícias do apito

Moção (1)
No próximo final de semana, a Anaf (Associação Nacional de Árbitros de Futebol) realiza o 31º Congresso Nacional, na cidade de São Paulo. Uma proposta ganha corpo no interior da entidade: apresentar um protesto durante as últimas rodadas do Brasileirão, como um minuto de silêncio antes do início dos jogos como forma de conscientizar o torcedor, a imprensa, os clubes e os dirigentes de que a pressão que está sendo exercida sobre a arbitragem é prejudicial ao desempenho dos homens de preto nas tomadas de decisões no campo de jogo.
Moção (2)
Outra ala da entidade que representa a confraria do apito brasileiro defende que os árbitros utilizem uma tarja preta no uniforme e até mesmo inscrição nas camisas de frases em favor dos árbitros. De acordo com Marco Antonio Martins, presidente da Anaf, o objetivo da proposta visa mostrar a todos que o árbitro de futebol é um ser humano, e é suscetível a erros, porém, não pode ser tratado como um ser desprezível.
Moção (3)
Sou favorável à proposição da Anaf, sobretudo porque a maioria esmagadora dos profissionais de imprensa na atualidade, que criticam as tomadas de decisões da arbitragem no campo de jogo, lamentavelmente desconhece as Regras do Jogo de Futebol na sua essência. O que se observa a cada rodada do Campeonato Brasileiro através da mídia esportiva (repórteres, narradores, comentaristas esportivos) é a repetição de comentários sem propriedade, sem conhecimento, deduzindo pela experiência pessoal algo que não tem certeza. É o famoso “achismo”, que ao invés de esclarecer os torcedores, dirigentes e atletas sobre as leis do jogo e o procedimento adequado da arbitragem, desinforma-os na sua totalidade.
Projeto (1)
Além da moção, se a Anaf almeja mudar o conceito do árbitro de futebol no Brasil deve romper com o modelo anacrônico vigente que aí está, e exercer suas prerrogativas precípuas conforme consta no seu Estatuto e a oportunidade é agora. Vem aí a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, dois eventos para alavancar a arbitragem brasileira.
Projeto (2)
Sugiro que a Anaf elabore e apresente um projeto de excelência de requalificação dos árbitros que compõe a Renaf (Relação Nacional de Árbitros de Futebol), e nesse projeto insira um novo modelo de indicação dos futuros árbitros à Renaf, acoplado de um colegiado com identidade junto à arbitragem, visando acompanhá-los e orientá-los das suas virtudes e corrigir prováveis deficiências técnicas, físicas, táticas e psicológicas.
Projeto (3)
Além do exposto, a Anaf, em conjunto com a CA/CBF, deve propor à direção da Confederação Brasileira de Futebol as seguintes medidas:
1) A formação de uma comissão de ex-árbitros com notório conhecimento sobre as regras, que fiscalize a formação das comissões de arbitragem das federações estaduais, que em muitos casos é composta por pessoas sem a devida qualificação.
2) Que os observadores, assessores e instrutores designados pela CA/CBF dominem a língua portuguesa, as Regras do Jogo de Futebol e compareçam “in loco” aos estádios com indumentária adequada para a função.
3) Que se estabeleça um modelo uniforme de formação de árbitros de futebol para todo o País, incluído nesse modelo que as pessoas que farão parte da escola de formação sejam talhadas para o mister. O que observamos hoje é uma avalanche de cursos e mais cursos, cujo objetivo é o lucro de meia dúzia de “apaniguados” das federações. E aí temos uma legião de apitos malformados.
4) E como medida final, uma presença constante em Brasília em 2013, junto ao Congresso Nacional, objetivando levar ao plenário da Câmara dos Deputados para ser votado o Projeto de Lei 6405/2002 e seus apensos, que versam sobre a profissionalização do árbitro.


  PS (1):  quando me refiro aos cursos de arbitragem que são realizados de forma reiterada, não significa que sou contrário a sua realização. O que tenho questionado sistematicamente é a designação de “professores” sem as credenciais necessárias, para ministrarem esses cursos e a didática empregada, que a nosso ver está defasada. E para comprovar minha assertiva, cito como exemplo o futebol paranaense, que nos últimos anos vem realizando cursos de formação de árbitros de forma sequencial.  No entanto, pelo oitavo ano consecutivo não revelou um único árbitro e nas temporadas de 2010/2011/2012, sequer conseguiu indicar um apito para o processo seletivo de Asp/Fifa da CBF. Aliás, a política  fracassada de formação de árbitros da Federação Paranaense de Futebol, reflete com rara precisão o modo anacrônico de pensar e de proceder da Comissão de Arbitragem da entidade.    


PS (2): Ou se implementam as medidas acima propostas, ou algo similar, ou então daqui a alguns dias, quando os campeonatos estaduais iniciarem e logo a seguir a Copa do Brasil e o Brasileirão 2013, teremos a repetição de tudo de ruim que ora vivenciamos.

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