terça-feira, 28 de agosto de 2012

Filho da p.............................

Lúcio Ribeiro/FOLHA DE SÃOPAULO/ESPORTES
Filho da p...
Com a fama 'inabalável', juiz de futebol no Brasil é vilão nos gramados e popstar na TV
Jornalista no México, policial em Bagdá e pescador de caranguejo no mar de Bering estão entre as profissões mais perigosas do mundo.
Eu acrescentaria mais uma na lista: juiz de futebol no Brasil.
Com um agravante: ser árbitro aqui é perigoso para a saúde do juiz em si e para os que sofrem ou acham que sofrem os efeitos dos seus assopros. Ou, em alguns casos, a falta de. Felipão, Tite e atletas, técnicos e 18 mil pessoas do superclássico mineiro de domingo que o digam.
Com um atenuante: juiz no Brasil, por um lado bizarro, virou popstar. Está na moda. Mais do que sua mãe sempre esteve. Se a máxima boleira diz que "Juiz bom é juiz que não aparece", está tudo errado no futebol brasileiro.
Arrisco a dizer que, hoje, tirando Neymar e, vá lá, Ronaldinho Gaúcho, o juiz (auxiliado por seus... auxiliares) tem sido a figura mais famosa do futebol brasileiro.
Sábado, no Pacaembu, Felipão reclamou muito do árbitro que apitou o clássico contra o Santos. O técnico quase escalou o muro que separa a descida aos vestiários para falar "poucas e boas" ao juiz, dizendo depois na coletiva, estou concluindo, que seu Palmeiras está na situação que está no Brasileiro muito pelas arbitragens danosas.
No Santos 3x2 Corinthians, teve o histórico erro dos três impedimentos não dados em uma só jogada, o que levou a CBF a trocar o comando da Comissão de Arbitragem.
Não que o antigo presidente tenha sido demitido do cargo. Ele ganhou um outro: o de chefe do departamento de arbitragem, sem o mesmo poder, talvez o mesmo salário.
Ninguém sofreu tanto no tumultuado Cruzeiro x Atlético quanto o árbitro. Expulsou três jogadores, administrou chuva de copos d'água, celular e um possível pedaço de bolo (!) com ameaça de interromper o jogo. Foi fortemente pressionado por cruzeirenses no fim do primeiro tempo. Foi igualmente encurralado por atleticanos no final do segundo.
Mas sobreviveu. Como tem sobrevivido os ex-juízes comentaristas de arbitragem na TV, mesmo com alguns brigando contra a imagem no admirável mundo das câmeras por todos os ângulos, HD, tira-teima.
O ex-árbitro famoso Carlos Eugênio Simon estreou recentemente no novo canal pago Fox Sports como comentarista geral, não só de arbitragem. Dá seus palpites técnico-táticos, por que não? Não somos 190 milhões de entendidos em futebol? Juiz também é filho de Deus.
Esse termo é exatamente o mote de um seriado de TV em que um árbitro de futebol é a estrela. A série "(fdp)" teve seu episódio inicial exibido anteontem na HBO, com jeitão de superprodução brasileira.
E, como vida de juiz definitivamente não é fácil, cada um dos episódios acaba com alguém se referindo ao nosso anti-herói herói usando a clássica "Filho da P...". O que, no caso de juiz, parece não ser uma mera "questão de interpretação".

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