quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Árbitros de futebol em luta pela regulamentação

Marco Antônio Martins ao centro.
Árbitros de diferentes gerações e representantes da entidade nacional da categoria discutiram sua situação em audiência pública na Comissão de Turismo e Desporto.

Muitas vezes eleitos os vilões das tardes de domingo, os juízes de futebol foram em peso à Câmara dos Deputados pedir o reconhecimento de sua profissão. Árbitros de diferentes
gerações e representantes da entidade nacional da categoria discutiram sua situação em audiência pública na Comissão de Turismo e Desporto na terça-feira. Apesar de atuarem num mercado milionário, em que todas as outras profissões já foram regulamentadas, os árbitros não têm nenhuma das garantias que o trabalhador comum tem.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e as federações estaduais dão cursos de formação
de árbitros, mas os gastos com preparo físico, médicos, fisioterapia e todos os incidentes que
possam ocorrer fora de campo ficam por conta do profissional. Para atuar no Brasil, a CBF
exige que o juiz tenha outro vínculo profissional, o que muitas vezes é incompatível com a
exigência de viagens por todo o País e a presença em cursos de formação.

Para uma carreira internacional, o profissional tem ainda de falar inglês fluente e ter perfeita
forma física. A aposentadoria ocorre aos 45 anos. Um árbitro da Fifa (Federação Internacional
de Futebol) recebe R$ 3 mil por partida, com cerca de 48% de descontos.

Dedicação exclusiva

O presidente da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol, Marco Antônio Martins, disse que, além de fazer justiça, o reconhecimento da profissão poderá beneficiar o futebol brasileiro, porque os juízes poderão se dedicar ao aperfeiçoamento profissional. "Com a profissionalização, a gente vai poder dispor de todo o tempo para a arbitragem." Ex-goleiro, o deputado Danrlei de Deus Hinterholz (PTB-RS) também acredita que a importância do futebol na vida do brasileiro exige árbitros profissionais. "Já passou do tempo. Acho de fundamental importância para o crescimento dos próprios árbitros, para que eles possam realmente se dedicar a isso. Tenho certeza de que haverá árbitros ainda melhores do que já temos. E olha que já temos árbitros muito bons", ressaltou.

Sorteio de árbitros

O ex-árbitro da Fifa Carlos Eugênio Simon afirmou ser contrário ao sorteio realizado para determinar o árbitro de cada partida. Desde 2003, para afastar suspeitas de favorecimento, a CBF decide quem apita as partidas em sorteios públicos. Só o Brasil usa esse sistema. Os árbitros querem que a confederação possa decidir quem é o profissional mais habilitado para
cada jogo.

Simon considera que o sorteio dificulta a vida dos profissionais, torna as decisões aleatórias e
também prejudica o lançamento de novos árbitros. Na sua opinião, não é possível manter a
desconfiança sobre os juízes, lembrando que, quando foi detectado um esquema de fraude, os
dois envolvidos foram banidos do futebol. "Na medida em que tu colocas meu nome para ser
sorteado, alguma dúvida tu tens. Então nós temos que parar com o futebol. Se pairar alguma
dúvida por algum cidadão que vai apitar determinado jogo, então para o futebol. Que negócio
é esse?", reclamou.

Integrante do quadro atual de árbitros da Fifa, Sandro Ricci disse que os juízes de futebol
também querem direitos econômicos sobre as partidas em que atuam, assim como ocorre
com os jogadores. Os árbitros pediram ainda mudanças no Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/03), que permite que qualquer pessoa que se sinta prejudicada pela atuação do juiz possa entrar na Justiça contra ele. Apesar de essas ações em geral serem arquivadas, os profissionais precisam ir até a cidade onde a ação foi proposta para depor.

Autor de um dos projetos de reconhecimento da profissão (PL 6467/09), o deputado Edinho Bez (PMDB-SC) propôs que seja formada uma comissão com deputados e árbitros para tentar acelerar a tramitação da proposta. O Projeto de Lei 6405/02, do Senado, ao qual a proposta de Edinho Bez está apensada, foi aprovado em 2008 pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e ainda precisa ser votado pelo Plenário. Para acompanhar o andamento dos
projetos que tratam do assunto, clique nos links.

PL 6405/2002

PL 6467/2009

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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