terça-feira, 29 de março de 2011

'Árbitro-modelo' quer esquecimento por gol 100 e diz que não daria amarelo a Ceni'

Com apenas 27 anos, Guilherme Ceretta de Lima é apontado como uma das principais revelações da arbitragem nacional e, no último domingo, fez parte de um feito histórico do futebol. Ele comandou o clássico entre São Paulo e Corinthians em que o goleiro Rogério Ceni fez seu 100º gol, em uma cobrança de falta na vitória tricolor por 2 a 1.
Mas o juiz não quer ser lembrado por esse jogo. Apesar de sua atuação ter sido elogiada, ele prefere o anonimato. Para Ceretta, seus pares entram para história do futebol apenas pelos erros. “Não quero ser lembrado, meu nome só vai estar na súmula, como poderia ser qualquer outro. Se tivesse feito um jogo ruim, aí sim eu seria lembrado nessa marca”, contou.
O único ponto lamentado pelo árbitro foi ter de dar o cartão amarelo a Rogério Ceni por ele ter tirado a camisa na comemoração, o que, para ele, é um “erro” da regra. “E ela tem esses ‘erros’ que, mesmo não concordando, temos de cumprir. O Rogério sabe que a regra tem de ser cumprida.”
Professor formado em educação física e dono de uma escolinha de futebol na cidade de São Roque [interior de São Paulo], Ceretta também concilia sua carreira de árbitro profissional com a de modelo, apesar de sua agenda escassa. “Já perdi muitos trabalhos por falta de tempo”.
Confira a entrevista exclusiva:
UOL Esporte: Como é entrar em um jogo como esse, em que uma marca tão importante poderia acontecer? Você já sabia disso, já tinha trabalhado isso de alguma maneira?
Guilherme Ceretta: Lógico que eu sabia, vocês da imprensa valorizam muito esses momentos e nós, que vivemos o futebol, não teriamos como não ficar sabendo. Não mudei nada para esse jogo. Se fosse falta, dentro ou fora da área, teria o mesmo critério e marcaria. Ela aconteceu e foi marcada.
UOL Esporte: Qual é a importância para você de ter conduzido essa partida?
Guilherme Ceretta: Não quero ser lembrado, meu nome só vai estar na súmula, como poderia ser qualquer outro. Marcas são para jogadores e técnicos que fazem parte do espetáculo. Hoje, nós árbitros ainda somos "formiguinhas" dentro da grandeza de um clássico. Ainda bem que a arbitragem foi considerada boa por toda a imprensa. Se fosse ruim, aí sim eu seria lembrado nessa marca.
UOL Esporte: Você chegou a pensar em não dar aquele cartão amarelo para o Rogério por tudo que envolvia a comemoração? O que vocês conversaram naquela hora?
Guilherme Ceretta: Não pensei em deixar de mostrar o cartão. Eu tenho de ser cumpridor da regra do jogo. E ela [a regra] tem esses “erros” que mesmo não concordando, temos de cumprir. Não conversamos nada sobre isso. O Rogério sabe que a regra tem que ser cumprida.
UOL Esporte: Foi um dos jogos mais complicados que você já apitou? Com todos os fatores, como rivalidade, torcida arremessando objetos no campo, expulsões...
Guilherme Ceretta: Com certeza. Vai ficar marcado para mim por todas as dificuldades. Consegui controlar bem a partida e aplicar a regra com tranquilidade. Foi o jogo de maior repercussão que já fiz, por tudo que envolveu antes. Durante foi muito difícil, mas terminou com uma ótima arbitragem.
Fonte: Uol Esporte

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