terça-feira, 27 de julho de 2010

Árbitros malformados

Observando a relação dos novos árbitros Asp/Fifa, divulgada pela Comissão Nacional de Árbitros da CBF, e a escassez dos nomes indicados, que conseguiram preencher os requisitos exigidos pela entidade, lembrei-me do grande mestre da arbitragem paranaense Rubens Maranho, que nos deixou há 12 anos atrás, quando pregava nas suas preleções que o bom instrutor de árbitros deve possuir completo domínio do assunto para poder transmitir com segurança os ensinamentos aos alunos.
Maranho adotava como métodos de ensino além da prelação que era a sua marca registrada, a conferência, a lição prática e a discussão. Além disso, o mestre preconizava que o instrutor tem que ter discernimento se o aspirante a árbitro de futebol tem a principal característica, que é a vocação, e após a formação dos novos árbitros, é imperativo realizar um trabalho de acompanhamento com o objetivo de orientar os principiantes sobre as inúmeras dificuldades que terão que enfrentar até atingirem a maturidade.
Tenho observado que a geração de árbitros despreparados que a cada ano surgem em diferentes partes do Brasil, são vítimas da abolição das práticas ensinadas por Maranho, o que vem enfraquecendo a qualidade da arbitragem nacional ano após ano, propiciando com isso o acentuamento dos equívocos, dos erros primários e acrescendo ainda mais a falta de uniformidade nas tomadas de decisões no campo de jogo pelo trio de arbitragem. O que se vê na atualidade é o aumento descomunal da quantidade em detrimento da qualidade. A maioria das Federações Estaduais, incluindo o Paraná, não têem calendário para absorver a quantidade excessiva de árbitros e, além disso, a qualidade dos apitos não só na FPF mas em todo o País vem decrescendo a cada turma formada.
Tomei conhecimento, que insatisfeita com a baixíssima qualidade dos árbitros que são indicados de forma inadequada pelas federações, a CBF estuda medidas rigorosas nas futuras indicações ao quadro nacional e até na redução do quadro de arbitragem da entidade, objetivando atingir níveis de excelência.
PS: Via e-mail perguntam-me por que não temos excelentes árbitros como antigamente e que mecanismos deveriam ser aplicados para voltarmos a tê-los. É necessário um projeto de renovação, a começar pelas federações com pessoas que possuam olho clínico, para descobrir novos talentos. Há muitos alienígenas nas Comissões de Arbitragem e em vários lugares do Brasil, um número expressivo destes alienígenas, acreditem, desempenhando a função de Observadores de Árbitros, sem nunca ter apitado sequer pelada de menino de final de rua. Não tenho nenhuma dúvida que isto tem contribuindo para o enfraquecimento da qualidade e descobrimento de novos árbitros com vocação. "Zeus, senhor dos deuses e do mundo exclamou: O melhor esconderijo para o talento do homem é no interior dele mesmo. O homem jamais há de procurar o talento que há dentro de si". Na arbitragem faltam pessoas com capacitação para descobrir as potencialidades, dons, virtudes, valores ocultos dentro daqueles que desejam optar pela carreira de árbitro de futebol.
Valdir Bicudo-bicudoapito@hotmail.com

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